Saturday, August 26, 2006

 
PACTO IMPOSSÍVEL: Aos 44 anos, sou velho o bastante para lembrar das propostas de pacto social feitas no fim da ditadura militar, todas referenciadas no Pacto de Moncloa espanhol. Por isso, sinto cheiro de naftalina na proposta do governo federal de fazer um acordo de conciliação política, espécie de plano de desenvolvimento a ser montado com a colaboração de governistas e oposicionistas, lançada semana passada. É verdade que, se houvesse um mínimo de sensatez aqui na ex-Terra de Santa Cruz, há muito já teriam sido traçados alguns objetivos nacionais permanentes - por exemplo, universalização da educação pública de qualidade. No passado, ainda que sem pacto, isso foi feito, por exemplo, em torno da auto-suficiência na produção de petróleo - e o fato é que chegamos lá. Mas, mais do que sensatez, falta, parcial ou totalmente, interesse das partes envolvidas para que metas assim sejam estabelecidas e cumpridas. Aqui, passada a trégua inicial após a provável vitória de Lula, a oposição provavelmente deverá voltar a se articular para sitiar o governo. Como ocorreu, no passado, nas presidências de Getúlio, JK e Jango, com resultados diversos: o suicídio presidencial no primeiro mandato, o esgotamento das alternativas políticas no segundo e o golpe militar no terceiro. E como fez na de Lula, resultando, paradoxalmente, no cada vez mais próximo fracasso eleitoral de PSDB e PFL. Se o presidente for reeleito e houver algum acordo, deverá ser pontual e limitado, sem o perfil de um pacto duradouro, simplesmente porque não há clima para isso. Ou alguém é ingênuo para achar o contrário?

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