Saturday, September 23, 2006

 

SINAIS: Petistas com experiência e trânsito nos bastidores do partido governista apontam no inacreditável episódio do Dossiê Vedoin, protagonizado pelo "serviço de inteligência" da campanha petista, as digitais dos mesmos "companheiros"que jogaram o governo na vala comum do mensalão. São ligados ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, vários suspeitos no caso, como Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante. Suspeita-se ainda que o sacador da parte do dinheiro retirada no Rio de Janeiro seja um militante com históricas ligações com Delúbio Soares, o indefectível tesoureiro apontado como mestre da compra de parlamentares e da intermediação de negócios sujos nos esgotos do governo. Tudo calculado, vem a conclusão inevitável: ao "passar a mão" na cabeça dos seus mensaleiros, e suspeitos de corrupção, o PT manteve em seu ninho a serpente que, revigorada, volta a tentar devorá-lo agora, em um momento decisivo, com uma concepção de política fronteiriça ao primitivo e mergulhada na delinqüência. Pensar que a disputa pelo poder, num país complexo como o Brasil, se resume a atingir adversários com acusações de corrupção e dossiês plantados na imprensa é um primarismo somente explicado pelo desespero da perda de prestígio interno provocada pelos escândalos e acentuada na eleição da última direção nacional petista. Ou pela estupidez em estado puro, sintetizada num "serviço de inteligência" extraordinariamente burro.

 
LIÇÕES DE ABISMO:O estreitamento da diferença que separava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dos concorrentes somados para apenas três pontos e a disparada de José Serra (PSDB) na disputa paulista, somados ao avanço do tucano Geraldo Alckmin e à queda do petista Aloizio Mercadante, indicam que só agora chegam à maioria da população os efeitos da chanchada protagonizada pelo "serviço de inteligência" da campanha à reeleição. Concretamente, os postulantes do PSDB tiraram votos dos adversários petistas, e é isso, mais que o crescimento dos candidatos tucanos, que obviamente mais preocupa o alto-comando do PT e seus aliados. A pesquisa Ibope anterior já sinalizara um abalo na campanha de Lula, quando mostrou queda na avaliação do governo de 49% para 43% na soma de ótimo e bom - uma campanha à reeleição é basicamente um plebiscito em torno da continuidade da administração por mais um período -, embora ainda sem se refletir no quadro eleitoral, o que começa a acontecer agora. Enquanto Alckmin subia tirando votos dos outros candidatos de oposição ou dos indecisos, pouco importava ao petismo. Agora, porém, ele começou a tirar votos de Lula - dois, segundo deduz-se do exame dos números do Ibope, o que pode levar a disputa para uma segunda rodada, ainda que alguns itens na pesquisa - o desempenho da nanica de desconhecida Ana Maria Rangel (PRP), com 1%, inflando em cerca de um milhão o número de votos, por exemplo- sejam a confirmar no dia da eleição. Há ainda a questão das abstenções, eleitores que deixam de votar, historicamente maior nas áreas populares, onde Lula tem ampla vantagem. É preciso saber, porém, se este é o que poderíamos chamar de "ajuste de patamares", sem fôlego para continuar, ou uma tendência consistente, capaz de contaminar o eleitorado na próxima semana. Os próximos dias - e o comportamento dos candidatos, suas assessorias de campanha, seus marqueteiros e seus partidos - serão cruciais para determinar isso.

Wednesday, September 06, 2006

 

IMAGEM É TUDO: Em reunião recente, o marqueteiro de Lula, João Santana, afirmou que o que está em jogo na campanha é basicamente a imagem pessoal de Lula. Se isso é verdade, a estratégia do PSDB/PFL de intensificar os ataques contra o presidente é um erro que só vai fazer Alckmin se afundar mais. O eleitorado lulista, por sua identificação com o presidente, pode se sentir diretamente atingido pelas críticas.

 
A VER: A 25 dias das eleição, já tem instituto de pesquisa calculando que em 1 de outubro o presidente Lula terá entre 57% e 60% dos votos totais - uma faixa que poderia fazê-lo se aproximar dos dois terços dos votos válidos. Em um quadro desses, o mais provável é que, além da derrota dos tucanos e pefelistas, haja o encolhimento da votação de Heloísa Helena (PSOL), nesse caso maior vítima da polarização PT/PSDB.

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